Você e Elisa dedicam todo o tempo de vocês na leitura dos jornais que ela encontrou. Dias se passaram e as informações foram sendo coletadas aos poucos. O final de semana chegou e Harper e Mary foram viajar, pois tiraram férias de seus respectivos trabalhos. Elas quase desistiram de ir, pois não queriam deixar você sozinho, porém, depois de muito insistir, elas fizeram as malas e foram.

A casa ficava muito vazia sem a presença das duas, mas Elisa ficou com você para dar continuidade à busca.

- Vamos nos organizar, - Elisa fala - temos que Amber, quando fugiu, foi para Paris. Certo?

- Certo - você responde.

- Depois, ela foi vista na Suíça. E logo depois em Milão. É um trajeto que faz sentido… Três meses depois, então, ela apareceu no Egito acompanhada por um homem. É isso?

- Sim.

- É só isso que temos?

- Sim.

- Oh céus…

Elisa suspira fundo e senta no sofá. Você olha as horas. Já são duas horas da madrugada. A exaustão pesa em seus ombros, então, você se dirige a geladeira, pega um vinho barato que bebera com Mary uns dias atrás, serve em duas xícaras, liga uma música e entrega a xícara para Elisa dizendo:

- O melhor jeito de se beber um vinho barato é na xícara de café.

Ela ri e brinda com você. Uma música animada começa a tocar e você balança a cabeça em seu ritmo. Elisa levanta e diz:

- Eu amo essa música!

Ela começa a dançar. Seus movimentos são sem ritmo algum, mas ela está tão envolvida na melodia que a dança parece uma verdadeira obra de arte. Braços para cima, pernas rodopiando, risadas sinceras e longos goles do vinho misturam-se com ela. A música continua e a dança e os longos goles não param. A bebida aquece dentro do seu corpo e você sente que não está mais tão sóbrio, assim como Elisa também não aparenta estar.

Você repentinamente junta-se a ela na dança e movimenta seus braços. Você rodopia sua cadeira e gira em volta de Elisa. Ela ri e imita uma bailarina. Quando os pés dela saem do chão, você passa atrás dela, ela se desequilibra e cai em seu colo. Você continua dançando e faz cócegas em sua barriga, ela ri, senta em seu colo e seus rostos ficam próximos.

Quando isso acontece, você se dá conta de que seus corpos estão mais próximos do que nunca, o sorriso dela está a menos de um palmo de distância e a respiração dela torna-se ofegante. Você olha nos olhos de Elisa e observa as pequenas manchas azuis mais escuras que sapecam em sua íris clara. E, então, você percebe que ela está observando seus lábios. Seu olhar sobe para seus olhos e então vocês se encaram por segundos que parecem ser horas. Ambos estão envolvidos em tamanha atmosfera que é praticamente impossível pensar na possibilidade de sair dali.