Você suspira e sai da sala. Tantos livros parecem ser úteis e, no fundo, nenhum realmente é. Você já é claramente capaz de advogar num tribunal, mas ainda não encontrou uma brecha para a lei física do rei.

Mary te espera do lado de fora da biblioteca, você a vê e se impulsiona para mais perto. Apesar de não precisar de ajuda com a cadeira de rodas, Mary adora te empurrar pelos longos corredores do castelo. Ela, então, se posiciona atrás de você e vocês se dirigem em silêncio para o grande pátio.

Ao chegar lá, há uma movimentação um tanto quanto estranha. Jovens uniformizados caminham de um lado para o outro no local. Alguns carregam câmeras, outros cadernos de anotações, mas todos estão fascinados por tudo que está à volta deles. Eles ainda não perceberam sua presença, então vocês não entram no ambiente e perguntam a um guarda postado na porta o que está acontecendo.

- Excursão da Universidade. Uma vez ao ano algum departamento é escolhido para visitar as dependências do castelo. Tradições, né. Seu pai que inventou a palhaçada. - Diz o guarda.

Mary, ao seu lado, revira os olhos para o guarda. Você lança um olhar feio e sai com ela em direção a outra entrada do pátio.

- Você sabia disso? - Você pergunta a governanta.

- Sabia. Eles sempre fazem perguntas inteligentes demais para eu saber responder. É comédia - responde Mary.

- Esses aí são de qual curso?

- Pelas gravatas e as roupas engomadinhas devem ser de Direito.

- Direito? - Você para e a encara.

- Sim - ela dá de ombros.

- Mar… Eles estudam as leis. Eles com certeza sabem mais da legislação que eu. - Seus olhos brilham - Será que eles poderiam me ajudar?

Mary te dá um sorriso encorajador e vocês se apressam em entrar no pátio. Estudantes lêem as placas localizadas embaixo das esculturas de pedra, tiram fotos das flores e árvores e conversam entre si. Uma menina sentada em um dos bancos mais afastados dos outros estudantes chama a atenção, ela olha para cima, sorri e inspira fundo. Aparenta estar com os pensamentos em outro lugar. Você se aproxima vagarosamente.

- Bom dia, com licença senhorita… - Você fala em tom baixo.

A menina pula do banco e arregala os olhos. Ela olha para trás e para os lados e percebe que você está falando com ela.

- Bom dia vossa alteza! Desculpe-me. Estava pensando em outras coisas…

- Não há problema nenhum. Como a senhorita chama?

- Mirna. É um prazer. - Ela diz com um sotaque diferente.

- Mirna, a senhorita é do curso de direito? - Ela assente - Poderia me ajudar?

Ela faz que sim rapidamente e você a direciona para fora do pátio para que nenhum outro estudante perceba sua movimentação. Vocês adentram uma sala que você sabe que não haverá ninguém.