- Confrontá-la?

- Sim!

- Eu falo com ela!

Você pega o telefone da mão de Elisa e começa a falar com Amber:

- Boa noite, Amber, ou Lia, não sei como a senhora prefere. Aqui quem fala é Louis, seu esquecido filho. Você se lembra de mim, ou prefere me esquecer no castelo mesmo?

- Louis! - Elisa lhe repreende.

- Louis… Meu filho!

Você escuta a resposta de Amber no telefone após um tempo em silêncio. A voz dela está embargada e você percebe que ela está chorando. Ela continua:

- Você não sabe o quanto desejei ouvir sua voz! Ah, foram anos de espera e, finalmente, você me encontrou! Eu sabia que esse dia chegaria!

- Te encontrei? - Você grita - Isso é um jogo para você por um acaso? Eu não acredito que você está falando isso! Doncaster está destruindo o reino aos poucos e é dessa maneira que você trata essa situação? Preciso agir agora! Você sabe as leis, não sabe? Meu pai deve ter te contado! Como eu posso pegar o poder de volta? Você precisa me passar o reinado! Eu sei que você pode! E também…

- Louis - Amber te chama num tom baixo.

- Você deve explicações do porquê me deixou! Por que deixou Bernard? - Seu tom de voz se eleva conforme as lágrimas começam a escorrer pelo seu rosto.

- Louis, me escute - Amber fala um pouco mais alto.

- Você sabe o quanto eu sofri? Você nem apareceu no velório dele! Nem isso, Amber!

- Louis! - Amber exclama - Escute-me, por favor.

Você seca as lágrimas. Sua respiração está ofegante, parece que vai faltar o ar. Você inspira e solta. Inspira e solta. Sua respiração parece ser sua única âncora. Um sentimento de pânico toma conta de você e parece que esperar a resposta de Amber torna-se uma eternidade.

- Louis, - ela continua - infelizmente eu não posso te ajudar. Todos os meus laços e direitos como moradora Alçoiniana foram cortados quando, segundo as leis, eu traí o reino.

- Você não pode me ajudar? - Você grita descontroladamente - Você, na verdade, não quer me ajudar! Eu sei que é isso, Amber! Você é uma covarde!

Você desliga o telefone. Elisa tenta falar com você, mas você não consegue escutar. O ódio permeia todo seu corpo. A raiva invade suas veias e se espalha por todo seu sistema. Tudo a sua volta se apaga e uma única ideia está em sua mente: pegar o trono de volta custe o que custar.

Você sai da casa e Elisa sai aos gritos atrás de você, mas você não para e impulsiona sua cadeira o mais rápido possível. O castelo está brilhando ao final da rua da casa de Mary. Invadi-lo e recuperá-lo parece uma excelente ideia.

Aos pés da enorme construção, você grita com os guardas que estão na porta:

- Esse trono é meu! Eu ordeno que o merda do Doncaster saia agora aqui para duelarmos pelo trono! Ele vai ver que não sou incapaz, eu consigo!

- Saia daqui, rapaz. O rei proibiu sua presença nas dependências do castelo - um dos guardas responde.

- Eu não vou sair! Ficarei aqui até que me escutem! Essa é a revolução! Esse é o único jeito de conseguir a paz em Alçois!

- Vá embora, rejeitado! - Um segundo guarda grita de volta.

Nesse momento, algumas luzes das casas da rua começam a se iluminar. Você olha para trás e vê rostos curiosos espiando pela janela. Você se direciona a eles e diz:

- A voz do povo é a voz de Deus! O povo pode dizer para todos que me querem de volta! Eu sei que me querem!

- Cala a boca! - Diz outro guarda.

- Eu não irei me calar até que me escutem!

- Rapaz, eu contarei até 3 para você ir embora, ou te jogarei nas masmorras - responde o guarda.

- Eu não vou embora!

- 1… - conta um deles.

- Chame Doncaster! Chame Michael!

- 2… - fala outro.

- Fale para esses idiotas que o reino me aguarda!

- 3. Acabou pra você - diz um último guarda.

Você vê eles vindo em sua direção. Fugir não é uma opção. Seus gritos continuam e mais luzes se acendem. Os guardas te pegam pelos braços e pernas, deixando sua cadeira para trás e seguindo em direção ao interior do castelo. Você grita, movimenta os braços e xinga de todas as formas possíveis Doncaster e seus funcionários.

Ao descerem para o nível inferior do castelo, você sente um péssimo cheiro e vê uma grade com uma pequena porta que é aberta. Eles te jogam ali dentro e antes de saírem, um deles fala:

- Não espere tratamento especial. Chegou aqui é pra morrer, seu merdinha.

Eles saem e você fica ali. Apenas acompanhado pelos seus pensamentos, seu ódio e pela certeza de que o fim havia chegado para você.